sexta-feira, 29 de junho de 2012

Idade Média - Explicando o feudalismo









    Durante a grande crise do império romano, no século III, o território foi dividido em duas partes: Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente, cuja capital era Constantinopla.
   Sendo assim, é importante que você entenda que durante a Idade Média, se desenvolveram dois tipos de estruturas muito distintas. No Ocidente, predominou o feudalismo e no Oriente, dois grandes impérios se organizaram, o Bizantino e o Islâmico.

  
  A expressão “Idade Média” começou a ser usada no século XVIII por historiadores europeus que entenderam esse período como o meio da história.      
  Hoje em dia, isso não tem mais sentido, pois estamos na Idade Contemporânea.
  Quando nos referimos à Idade Média, o fazemos dando a entender de que se trata de algo muito antigo, velho e cercado de ignorância. Isso acontece por que os historiadores até o século XX consideravam que nesse período não teria havido evolução no modo de viver e pensar das pessoas medievais. Em função desse pensamento, termos pejorativos surgiram para designar esse período, como por exemplo, “noite dos mil anos” ou “idade das trevas”.
   Expressões assim são puro preconceito, pois, a sociedade medieval pensava de acordo com a sua época, assim como nós nos tempos atuais.





   A Idade Média é um período muito extenso, cerca de mil anos, recheada de mil acontecimentos! Em função disso, para facilitar nossos estudos, utilizaremos a seguinte divisão para melhor compreender esse período:

- Alta Idade Média: que se inicia com a queda do Império Romano e vai até o século XI. Nesse período ocorreu a estruturação de dois grandes reinos no Oriente- o Império Bizantino e o Império Islâmico. No mundo Ocidental ocorreu a formação e a cristalização do feudalismo, logo após a desfragmentação do Império Carolíngio.

- Baixa Idade Média: é o período de desestruturação do feudalismo, quando a vida comercial e urbana ressurgiram e o “mundo” foi tomando as feições que hoje conhecemos.


Alta Idade Média na Europa ocidental


   Na Europa Ocidental, logo após as invasões bárbaras - os romanos chamavam de bárbaros todos aqueles que não falavam latim e que não seguiam os seus costumes. Nesse caso, são exemplos de povos bárbaros: entre os germanos - godos, visigodos, anglos, saxões, hérulos, vândalos, francos e outros - ao Império Romano do Ocidente, especialmente nas cidades, ocorreram profundas transformações, como por exemplo:

- a imensidão do Império Romano foi ocupada por uma série de reinos bárbaros;

- a religião cristã se fortaleceu e tornou-se a principal religião na Europa Ocidental;

- o comércio que ligava diversas cidades do império, enfraqueceu e cedeu lugar a uma economia de subsistência, onde o artesanato, a agricultura e a pastoreio eram as principais atividades desenvolvidas, mas tudo voltado apenas para o consumo próprio;

moeda praticamente deixou de ser utilizada, já que se produzia apenas para o próprio consumo;

- a vida agitada das antigas cidades romanas desapareceu, pois os moradores dessas cidades dirigiram-se para o campo.   No campo, as diversas propriedades rurais, foram chamadas de feudos e os donos dessas propriedades eram chamados de senhores feudais. Como as invasões bárbaras se estenderam por muitos séculos, as propriedades rurais precisarem ser fortificadas. Foram construídos os castelos, cercados de muralhas de pedras;

- a eficiência e a centralização administrativa dos romanos foram substituídas pela total descentralização política, ou seja, o poder de fato era exercido pelo senhor feudal. O senhor feudal devia obediência ao rei, mas tinha plenos poderes em suas terras;

- plebeus, antigos escravos e muitos bárbaros, tornaram-se servos e assim, a economia que se baseava no modo de produção escravista, passou a se basear no modo de produção servil;

   A soma de todas essas transformações foi denominada feudalismo e desse ponto em diante, trataremos das características do feudalismo durante a Alta Idade Média (século V ao XI).


Abaixo, imagem de uma propriedade feudal



As terras de um feudo eram organizadas da seguinte forma:

·         Manso Senhorial – Representava cerca de um terço da área total e nela os servos e vilões trabalhavam alguns dias por semana. Toda produção obtida nessa parte da propriedade pertencia ao senhor feudal.

·         Manso Servil – Área destinada ao usufruto dos servos. Parte do que era produzido ali era entregue como pagamento ao senhor feudal.

·              Manso Comunal – Era a parte do feudo usada em comum pelos servos e pelos senhores. Destinava-se à pastagem do gado, à extração de madeira e à caça, direito exclusivo dos senhores.


Obrigações dos servos :

·          Corvéia – prestação de trabalho gratuito durante vários dias da semana no manso senhorial;

·          Talha – entrega ao senhor de parte da produção obtida no manso servil;

·     Banalidade pagamento de taxa pelo uso do forno, do lagar (onde se fazia o vinho) e do moinho, dentre outros equipamentos do feudo;



As origens do feudalismo...

   Depois das invasões bárbaras ao Império Romano uma porção de reinos bárbaros ocuparam as antigas cidades romanas.
   Esses reinos tiveram curta duração, já que administrativamente eles não eram eficientes.
Um reino bárbaro que prosperou e teve muita influência na formação do feudalismo, foi o reino dos francos ou também chamado de Império Franco carolíngio.

   O quadro a seguir, que reúne as principais características desse reino:




Reis do Império Franco
Localização: Germânia e Gália

Dinastia Merovíngia 
Clóvis (482- 511)



Reis Indolentes

Dinastia Carolíngia
Pepino, o Breve
Dinastia Carolíngia
Carlos Magno(768-814)
*Os francos viviam divididos em várias tribos. Clóvis unificou várias delas, tornando-se rei e fundador da dinastia.

*Empreendeu grandes conquistas (França atual e parte da Alemanha).

*Converteu-se ao cristianismo, obtendo assim o apoio da Igreja Católica, sintetizando assim o poder espiritual e temporal.

*O apoio mútuo significou expansionismo territorial para ambos.
Os reis francos eram coroados ainda muito inexperientes – com 12 anos. Em função disso, era comum que o major domus, espécie de primeiro ministro do palácio, administrasse o reino.
major domus, era oriundo de ricas famílias aristocráticas e homens fortes do poder real.

 Os últimos reis da dinastia merovíngia foram chamados de indolentes, porque além de se interessarem somente por festas, caçadas e torneios, entregaram a administração para os chamados prefeitos do palácio, responsável pela administração, coleta de impostos, divisão das terras e comando do exército)
*Um desses prefeitos, Carlos Martel, ficou famoso por deter o avanço dos muçulmanos na Europa Ocidental (Batalha dos Poitiers, 732), o que resultou em maior aliança entre o reino e a Igreja Católica.
*Pepino, filho de Carlos 
Martel, apoiado pela igreja deu um golpe de estado e proclamou-se rei. Deu início à nova dinastia.

*A pedidos da Igreja Católica expulsou os lombardos da Itália e doou as terras para o Papa (é assim que surge o Vaticano).
* Carlos Magno, filho de Pepino, assume ao 
governo.

*É coroado pelo papa Leão III. A Igreja Católica reconhecia o reino franco como  o sucessor do Império Romano.

*Empreendeu grandes conquistas territoriais, convertendo povos bárbaros e germânicos em cristãos: França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, R.Theca, P. Itálica, Espanha.

Era muito comum nesse reino as relações feudo vassálicas. 

Essas relações têm tudo a ver com a palavra feudo, que significa mais ou menos o seguinte:  

Um benefício,  um direito que uma pessoa possui sobre um determinado bem que recebeu em troca de um favor ou serviço prestado.


  Sendo assim, as relações feudo vassálicas se estabeleciam mais ou menos da seguinte forma:   quando um senhor feudal recebia auxilio de outros senhores para conquistar uma determinada região, por exemplo, doava como agradecimento, um feudo. 
   O feudo, em geral, era uma grande propriedade de terra, mas podia ser também um castelo ou o direito a um determinado cargo de prestígio. Aquele que doou era chamado de suserano e o que recebeu de vassalo.

  Essas relações só eram estabelecidas entre aqueles que faziam parte da nobreza. O rei era considerado o suserano-mor.




Observações : 
Não confundam relações de vassalagem com relações Servis. 


   Após a morte de Carlos Magno, em 814, o Império Carolíngio perdeu seu esplendor. Luís, o Piedoso fez um governo fraco e incapaz de manter a autoridade do poder central – terras da igreja e vários domínios senhoriais se tornaram autônomos. Para agravar ainda mais a situação, uma nova onda de invasões acometeu a Europa – dessa vez eram os vikings, os sarracenos e os húngaros.
Após a morte de Luís, o reino foi dividido entre seus filhos pelo Tratado de Verdun no ano de 843.




·         Carlos, o Calvo, ficou com a França Ocidental (que deu origem ao Reino da França);
·          Luís, o Germânico, com a França Oriental (a futura Alemanha);
·          Lotário, com a França Central, repartida após a sua morte, em 870, entre Carlos e Luís.

Depois de Verdun, a autoridade real esfacelou-se rapidamente - condes, duques e marqueses usurpam os poderes reais e passam a exercê-los em nível local. Em 877, os domínios, denominados de feudos, tornam-se hereditários. Em 911, o rei Carlos, o Simples, incapaz de deter os ataques vikings, cedeu-lhes o ducado da Normandia, origem de sua outra denominação, normandos.

O ano de 911 viu também o fim do ramo germânico dos carolíngios, com a morte de Luís, o Jovem. Em 987, morrendo o último soberano carolíngio da França Ocidental, Luís 5º, os aristocratas escolheram Hugo Capeto, Conde de Paris, como rei. Esse foi o fim da dinastia carolíngia.


Fontes:










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